Foto: Cetec
Na sexta-feira
(23/03), a Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig e a Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais – Cetec inauguraram o Centro de Bioengenharia de
Espécies Invasoras de Hidrelétricas – Cbeih. O objetivo da parceria, firmada
durante a Semana da Água, é desenvolver pesquisas para reduzir os impactos
ambientais e econômicos de espécies invasoras, principalmente o mexilhão
dourado, nas usinas da Cemig.
Durante a inauguração, foi apresentada uma
base colaborativa online com dados sobre o mexilhão dourado. No total, o Centro
de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas contará com 26
pesquisadores. Nos próximos três anos, por meio de recursos próprios e do
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D da Aneel, a Cemig irá investir
R$ 6,7 milhões no Cbeih.
O Cbeih é a
primeira iniciativa resultante do TERAGUA, que é o Centro de Referência de
Qualidade de Água e tem por finalidade realizar pesquisas para o
desenvolvimento tecnológico na área de monitoramento de qualidade de água.
Trata-se de parceria entre os órgãos estaduais ligados à qualidade da água e
meio ambiente, como a Cemig, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – Semad, a Secretaria de Estado de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior – Sectes, o Instituto de Gestão das Águas – Igam e
a Fundação Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em
Água – HidroEX.
“Com a criação do
Centro de Bioengenharia, busca-se estabelecer estratégias de médio e longo
prazo que aperfeiçoem nossa capacidade preditiva sobre a dispersão de espécies
invasoras que interferem na produção de hidroeletricidade e causam danos aos
nossos ecossistemas”, explica Enio Fonseca, superintendente de Gestão Ambiental
da Geração e Transmissão da Cemig.
Em setembro do ano
passado, a Cemig detectou pela primeira vez a presença do mexilhão dourado na
Usina Volta Grande, localizada no Rio Grande, região do Triângulo Mineiro. A
descoberta da espécie invasora na usina ocorreu durante a parada para
manutenção programada de uma das máquinas. No mês de outubro, o mexilhão
dourado foi detectado também nas hidrelétricas de Igarapava e Jaguara, ambas no
Rio Grande. O molusco está sendo monitorado e medidas estão sendo estabelecidas
para o seu controle nas plantas industriais.
Foto: Mônica Campos/Cetec
Mexilhão
Há mais de dez
anos, o mexilhão dourado é motivo de atenção nas usinas hidrelétricas
localizadas na bacia Paraná-Paraguai. O molusco compromete os sistemas que
utilizam água bruta no processo de produção de energia elétrica. O mexilhão
invade, ainda em forma de larva, as tubulações por onde passa a água e lá se
fixa. Na fase adulta, obstrui as tubulações podendo causar superaquecimento nas
máquinas.
O mexilhão dourado
se reproduz rapidamente, não possui predador natural e compete na alimentação
com algumas espécies nativas de moluscos. Originária do Sudeste Asiático, a
espécie Limnoperna fortunei chegou à América do Sul, em 1991, pelo
porto de Buenos Aires, por meio das águas de lastro dos navios, e se disseminou
a partir do Rio da Prata.
Investimento
Desde 2002, a Cemig
realiza pesquisa e promove campanhas de educação socioambiental com o objetivo
de impedir a expansão do mexilhão dourado. Ao longo dos anos, a Empresa
investiu aproximadamente R$ 10 milhões em estudos sobre o molusco.
Para Enio Fonseca,
a competência técnica que a Cemig possui hoje no tema, reconhecida
internacionalmente, é resultado de medidas adotadas no passado. “Com o Centro
de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas, a Cemig toma outra
decisão com o objetivo de mantê-la na posição de empresa de primeira linha
nesse tipo pesquisa, atuando em parceria com o Cetec, que é um centro de
referência nacional”, destaca.
Semana da Água
Outra ação,
iniciada durante a Semana da Água, foi a distribuição de aproximadamente 20 mil
exemplares das cartilhas “As cianobactérias e a qualidade da água” e “Destino
correto das embalagens vazias de agrotóxicos”, editadas pela Cemig e Emater,
respectivamente. Essas publicações estão sendo enviadas a comitês de bacias,
órgãos ambientais, ONGs e para os proprietários de terras no entorno dos
reservatórios da Cemig.
“A Empresa acredita
que essas iniciativas, em parceria com os diversos públicos, são fundamentais
para a conscientização sobre a importância de se ‘cultivar’ as águas do nosso
Estado”, ressalta o superintendente de Gestão Ambiental da Geração e
Transmissão da Cemig, Enio Fonseca.