Danos provocados por chamas prejudicam o tempo de restabelecimento de energia
Com mais de 80 dias de estiagem em grande parte do Estado, a Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig registrou, somente nos meses de julho e agosto deste ano, 127 interrupções no fornecimento de energia em redes de distribuição provocadas por queimadas, afetando 94.754 consumidores.
Segundo Fernando César Bragança, engenheiro da Cemig, além dos prejuízos causados ao meio ambiente, as queimadas geralmente provocam danos irreversíveis aos materiais atingidos, gerando a necessidade da troca total dos equipamentos danificados. O prejuízo com a substituição desses equipamentos já soma R$ 896 mil somente este ano. “O processo de restabelecimento de energia nesses casos é ainda mais complicado. As queimadas interferem no tempo de execução das tarefas, não só pela complexidade do trabalho, mas também pela acessibilidade e permanência da equipe nos locais atingidos”, explica o engenheiro.
No dia 22 de agosto, por exemplo, uma das redes de transmissão de energia que atende a região de Ibiá, Campos Altos e São Gotardo, no Triângulo Mineiro e parte da Região do Alto Paranaíba, foi atingida por uma queimada, deixando 34 mil consumidores sem energia, dos quais 21 mil tiveram o fornecimento de energia interrompido por mais de quatro horas. A Cemig mobilizou 14 empregados, entre eletricistas, técnicos e engenheiros, e cinco veículos para localizar a falha e restabelecer o fornecimento de energia no menor prazo possível.
“O atendimento poderia ter sido mais ágil se o fogo não tivesse se propagado e causado o risco iminente de queda de um dos postes, ocasionando muita fumaça e brasa no local”, explica Almir de Jesus Borges, técnico de serviço elétrico que estava envolvido no restabelecimento. Almir conta que os bombeiros chegaram a ser acionados, mas não conseguiram ter acesso ao local em função das condições desfavoráveis do terreno, não sendo possível, dessa forma, eliminar todo o foco de chamas. “A estrutura atingida estava próxima à outra que se manteve energizada, com bastante risco. Para trabalharmos com segurança, tivemos que atuar com uma equipe reduzida que se revezava em duas frentes de serviço”, diz o técnico.
Ocorrências
De janeiro a agosto deste ano, a Cemig registrou 170 interrupções no fornecimento de energia em redes de distribuição provocadas por queimadas, cerca de 109 mil consumidores ficaram sem energia.
No entanto, esse número aumenta significativamente até o fim do ano, especialmente em períodos de altas temperaturas e baixa umidade do ar. Para se ter uma ideia, no ano passado, ocorreram 529 desligamentos, que deixaram 433 mil consumidores sem energia.
Meteorologia
O mês de agosto foi marcado pelos baixos índices de umidade relativa do ar em grande parte de Minas Gerais, chegando a níveis abaixo de 15%, sobretudo nas regiões Norte, Noroeste e Triângulo Mineiro. Nesses locais não chove há mais de 80 dias e a previsão é de tempo seco pelo menos para os próximos dez dias. Já no Sul e Zona da Mata, frentes frias têm ocasionado uma pequena melhora na qualidade do ar. Toda a faixa leste do Estado também tem tido médias de umidade mais elevadas, em virtude da circulação oceânica.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte também não chove há mais de 80 dias e as condições de temperatura e umidade ainda permanecem críticas para os próximos dias. Uma frente fria poderá causar chuva leve nas regiões Sul, Zona da Mata e Central entre os dias 7 e 10 de setembro, entretanto não são esperados volumes significativos. Esse cenário condiz com a estação no Estado, que é marcada por tempo seco com favorabilidade para a ocorrência de queimadas.
Campanha e dicas
Desde o início de julho, a Cemig está veiculando nas emissoras de rádio de todo o Estado a campanha “Quem faz uma queimada pode perder o controle do fogo e causar um grande problema”. O objetivo é alertar a população sobre os riscos das queimadas.
De acordo com a Empresa, as principais causas de queimadas em Minas são a queima preparatória de pastos e de terrenos para plantio, além da queima de lixos e de tocos de cigarros jogados em beiras de estradas - atingindo a vegetação seca, e descargas atmosféricas. Para ajudar a diminuir os índices de focos de queimadas, a Cemig dá as seguintes orientações:
- fazer queimadas somente com autorização do IEF (0800 283 2323), Ibama ou órgãos competentes e de forma controlada, com a construção de aceiros e barreiras que impedem a propagação das chamas. O aceiro pode ser feito em forma de vala ou limpeza do terreno, de modo a obstruir a passagem do fogo;
- não jogar pontas de cigarro próximo a qualquer tipo de vegetação;
- apagar com água o resto do fogo em acampamentos para evitar que o vento leve as brasas para a mata;
- não realizar queimadas a menos de 15 metros de rodovias, de ferrovias e do limite das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica.
A Cemig lembra que é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais. De acordo com a legislação, o indivíduo que cometer o crime ambiental terá que responder a processo, com possibilidade de prisão, e deverá pagar multa pelo dano ambiental causado.
Em caso de incêndios, o Corpo de Bombeiros (193) ou as Brigadas Voluntárias de Combate a Incêndios Florestais devem ser avisados o mais depressa possível.
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